Convidada pelo jornal “A Tribuna”, a advogada Anne Lacerda de Brito, sócia do escritório Brito & Simonelli Advocacia e Consultoria, faz análise a respeito da atual situação dos planos de saúde brasileiros.
“O atual panorama dos planos de saúde no Brasil envolve falta de qualidade dos serviços por eles prestados, questionamentos de médicos sobre os baixos valores pagos como honorários e ações na Justiça propostas pelos consumidores com o objetivo de resguardarem seus direitos.
As operadoras queixam-se em relação a uma regulamentação por parte da ANS que consideram acirrada, sendo a onerosidade decorrente dessas regras a principal desculpa para os descumprimentos recorrentes aos direitos dos usuários.
Em que pese os altos preços praticados e as ínfimas coberturas oferecidas, alegam os planos que a fiscalização e a concessão de cada vez mais benefícios pela ANS os obrigam a cortar gastos, o que é feito por negativas de procedimentos e inadimplência em relação aos médicos cadastrados, que trabalham muitas vezes sem receber os parcos valores prometidos.
Deparamo-nos com um ciclo vicioso: a atuação defasada das operadoras exige atuação proativa da agência reguladora, a qual gera ônus que, segundo elas, inviabilizam o cumprimento dos contratos, levando às reiteradas falências de que temos notícia.
O que não se pode perder de vista, contudo, é a função social que envolve este tipo de serviço, da qual as operadoras já estão cientes desde o ingresso no mercado. Por esse motivo, são louváveis as condutas protetivas do Estado, com destaque para a permissão da ANS de que os consumidores lesados pela falência dos planos a que estão vinculados transfiram-se para outro sem necessidade de cumprir carências, independente do tipo de contratação ou da data de assinatura do contrato.”