Organizar o patrimônio e garantir tranquilidade para a família é um gesto importante, e ainda pouco falado. Muitas pessoas acreditam que fazer um testamento é o suficiente para planejar a sucessão, mas na prática esses dois instrumentos são diferentes e cumprem funções distintas.
A seguir, explicamos de forma simples o que é cada um, suas bases legais e em quais situações são mais recomendados.
- O que é o testamento?
O testamento é um documento em que a pessoa define como deseja distribuir parte de seus bens após a morte.
É um ato unilateral e revogável, ou seja, pode ser modificado sempre que o testador desejar, conforme prevê o artigo 1857 e seguintes do Código Civil.
- Limitações importantes:
Mesmo com testamento, a pessoa não pode dispor livremente de todo o patrimônio.
A lei garante aos herdeiros necessários, descendentes, ascendentes e cônjuge, o direito à legítima, que corresponde a 50% dos bens.
O art. 1845 do Código Civil define quem são os herdeiros necessários, e o art. 1846 determina que a metade dos bens deve ser reservada obrigatoriamente a eles.
A outra metade é chamada de parte disponível, que pode ser destinada a quem o testador desejar.
- O que é o Planejamento Sucessório?
O planejamento sucessório é um conjunto de estratégias feitas em vida para organizar a transmissão do patrimônio aos herdeiros, muitas vezes evitando conflitos, reduzindo custos e até eliminando a necessidade de um inventário complexo.
Diferente do testamento, ele não é um ato único, é um processo, que pode envolver:
- Doações em vida (com ou sem reserva de usufruto);
- Escolha do regime de bens no casamento ou união estável;
- Cláusulas de proteção patrimonial (inalienabilidade, impenhorabilidade, incomunicabilidade);
- Contratos e acordos entre familiares;
- Testamento, que passa a ser apenas uma das ferramentas.
- Por que o planejamento é mais amplo?
Porque ele permite:
- Organizar o patrimônio ainda em vida;
- Reduzir o impacto do ITCMD (Imposto sobre herança e doações);
- Evitar disputas entre herdeiros;
- Facilitar a sucessão de empresas familiares;
- Reduzir tempo e custos com inventário;
- Garantir segurança jurídica para situações familiares complexas.
- Quando o Planejamento Sucessório é o mais adequado?
O planejamento é recomendado para quem possui patrimônio mais amplo (imóveis, investimentos, empresa familiar, etc.), além disso ele também é indicado quando:
- Se tem filhos de relacionamentos diferentes;
- Deseja evitar brigas entre herdeiros;
- Quer reduzir custos e burocracias;
- Pretende organizar a sucessão empresarial;
- Deseja proteger bens contra riscos externos.
O testamento é uma ferramenta importante, mas não substitui um planejamento sucessório completo. Para muitas famílias, uma estratégia ampla pode evitar desgastes emocionais, reduzir custos e garantir que tudo seja feito com segurança jurídica.
Cada pessoa e cada família tem uma realidade própria. Por isso, o ideal é buscar orientação profissional para definir qual solução é mais adequada para o seu caso. Se você deseja entender qual é o melhor caminho para organizar seu patrimônio com tranquilidade e segurança, procure um advogado especialista em direito sucessório para te auxiliar.