Em matéria no jornal A Tribuna de 27/03/2020, a sócia do Brito & Simonelli Advogados Associados, Anne Lacerda de Brito, comentou sobre o aumento do número de divórcios na China e a previsão de que o mesmo ocorra no Brasil.
Os dados chineses se referem aos divórcios solicitados em cartório, que passaram a ter fila de espera para realização das dissoluções. Além da suspensão dos serviços no período de quarentena, que, por si só, já aumentaria o número quando da reabertura do comércio, a convivência 24h também foi apontada como fator para essa ampliação.
Quando expostas a situações como essa de vida-morte, as pessoas começam a se questionar se estão vivendo a vida que realmente desejam. E a intensificação da convivência expõe situações como as seguintes, que interferem nessa análise:
- injustiça na divisão de tarefas domésticas;
- falta de companheirismo;
- perda do diálogo;
- perda da vontade de conviver;
- Etc.
Importante atentar que a situação inesperada do confinamento pode atrapalhar no julgamento se o casamento está bom ou não. Isso porque é uma nova e inusitada realidade, permeada por diversas inseguranças, de cunho emocional e financeiro, que podem deixar o casal mais estressado e mais arisco. Assim, todo cuidado com as palavras é pouco, sendo necessário identificar as batalhas que realmente existem e fazem sentido lutar.
Em resumo, a quarentena pode expor os seguintes cenários:
1) um casamento que já havia acabado, e o confinamento só evidencia isso;
2) um casamento que – como todos – possui suas divergências e ajustes a serem efeitos, cujo confinamento pode potencializar e fazer com que o casal veja isso maior do que realmente é.
Assim, é preciso maturidade e “cabeça fria” para que o casal saiba identificar qual é a situação em que se encontram, tomando essa importante decisão de forma equilibrada. Logo, é interessante tirar um tempo na quarentena para pensar racionalmente sobre o assunto e buscar (re)estabelecer o diálogo com o(a) companheiro(a), buscando verificar se a relação ainda faz sentido.
Nesse processo, é imprescindível o contato com profissionais – advocacia, terapia etc – ponderados, que pontuem essas questões e auxiliem o casal na tomada da melhor decisão possível.